Gregos

Hellas é o significado romano para Grécia, que denominavam os habitantes da península da Grécia atual como gregos, os romanos nomearam assim este povo, para que fossem diferenciados dos bárbaros que existiam nas demais regiões da Europa, pois enquanto não havia sociedade estruturada nas outras áreas, os romanos viram na Grécia, um povo organizado e com cultura. O povo da Grécia se auto-denominava heleno, sua nação era a Hélade. Eles foram responsáveis pelas primeiras formas de democracia.

Como exemplo de sua prática, eles se reuniam em um local, onde se assentava o povo como em um teatro, aliás também foram os precursores dos cenários e das fantasias teatrais. Sempre que precisavam julgar uma situação, eram reunidos e cada um recebia uma pedra branca e uma pedra preta. Ao término da discussão sobre os assuntos, cada um inseria a pedra que determinaria sua votação em um recipiente, para votar o seu interesse observando então a vontade da maioria.

No início, por volta de 2.600 a.C., eram formados por tribos individualizadas que foram povoadas por grupos da Anatólia. Eles trouxeram técnicas de agricultura e de navegação, além de conhecerem o ferro. Também estavam presentes no território da península, os cretenses, um povo que veio da ilha de Creta, e os micênicos também conhecidos como aqueanos. Formaram-se pastores, agricultores, povos pacíficos, mas que em razão de pressões sofridas por grupos armados vindos ao Norte da península provenientes de povos indo-europeus, passaram a se constituir em um povo guerreiro.

Por volta de 1.600 a.C., a miscigenação no território permitiu que os grupos se unissem de maneira gradativa. Uma cultura começou a prevalecer, a micênica da cidade de Micenas que fazia parte do continente. Esta civilização provinha da ilha de Creta e troxeram a cultura minóica, que prevaleceu com grandes edficações, suntuosas residências e muita arquitetura. A partir deste período, o povo grego expandiu seu território para a Ásia Menor, Sul da Itália e litoral do Mar Negro. Neste período sua sociedade era essencialmente patriarcal e comunitária.

Atenas e a Acrópole

Cobiçada por sua riqueza, vieram a sucumbir por volta de 1.300 a.C. quando vieram os Dórios. Um povo bárbaro, que conhecia o uso do ferro, eram guerreiros e cultuavam principalmente à deuses masculinos. Eles repartiram entre si as terras conquistadas formando comunidades patriarcais. Este período foi de um grande prejuízo para a população que estava se estabelecendo e que se desenvolvia na região, porque perderam grande parte de sua cultura, até mesmo o seu idioma, sua escrita, mas tentaram preservar seus costumes, mesmo diante de inúmeros combates.

Os Dórios escravizaram a todos os que não conseguiram fugir para Atenas, Anatólia ou para as ilhas. Este período obrigou a formação de cidades-estado com um novo padrão urbanístico, onde eram fortificadas no alto das montanhas com uma grande muralha e todo o comércio em seu redor e a maioria dos habitantes. A fortaleza tinha as casas de moradia da população em torno de uma espécie de centro de comando (alto da montanha), para onde se reuniam em tempos de batalha como maneira de se defender.

Tentando se recuperar da invasão dos Dórios, os gregos organizaram atividades que procuravam manter suas tradições, costumes e relações, o que os induziria naturalmente à uma unidade enquanto Estado. Os danos com a invasão não impediu que pela frequente relação existente e inevitável com os inimigos, eles assimilassem parte da sua cultura, principalmente no dialeto e na religião. Assim eles encontraram equiparações com a sua realidade, cultuando aos deuses que habitavam o Monte Olimpo, estabeleceram cultos onde se praticavam disputas festivas, jogos, entre outras atividades fazendo as cidades se competirem. Praticavam a adoração em nome do protetor de cada cidade em reverência à Zeus e Hera.

No ano de 776 a.C., iniciou-se os jogos olímpicos, estabelecidos como prática a ser realizada a cada quatro anos, método que passou a servir como referência cronológica para o povo grego. Também foi nesta época que o povo grego "evoluiu" para uma sociedade escravista e propriedades privadas. Somente em Esparta as propriedades permaneceram do Estado.

moedas gregas do

séc. V a.C.

Atenas, Esparta, Tebas, Corinto e Argos, eram as principais cidades e detinham relações diplomáticas com limite territorial e sistema de governo individualizado. Eram portanto cidades autônomas.

O período arcaico inicia desde os meados do século VIII até o início do século V a.C. Sofreu grande pressão com o crescimento demográfico na Grécia, fundaram várias colônias, da Anatólia e do mar Negro até a França, Espanha e norte da África. Os originários de Atenas fundaram as primeiras colônias na Anatólia, auxiliados pela Lídia. As cidades jônicas originaram-se do comércio no mar Negro. Os habitantes das novas cidades da Ásia ou das margens do Mediterrâneo consideravam-se gregos e mantinham laços com suas cidades de origem. No final do século VII a.C., a cunhagem de moedas, que os gregos jônicos aprenderam com os lídios, revolucionou o comércio.

O crescimento da produção, permitiu que este novo produto, a moeda, viesse a remodelar os conceitos de comércio na Grécia antiga. Criaram o sistema de comércio com a troca de mercadorias por um valor representativo, o que acabou ou reduziu o valor do escambo. Outro ponto interessante é a adoção grega de períodos para a refeição. A maior parte dos gregos seguia o costume de fazer duas refeições ao dia. No almoço (ariston) era servido apenas por uma porção de feijão ou de ervilhas que seria acompanhado de cebola crua ou nabo cozido. O jantar (deipnon) era considerado a refeição principal, servido de pão, queijo, figos, azeitonas, carne e/ou peixe, entre outros. Os alimentos eram frequentemente adoçados com mel, uma vez que ainda se desconhecia o uso do açúcar.

Nas comunidades da Jônia, na costa ocidental da Ásia Menor, os imigrantes aqueus, estimulados pela localização geográfica que lhes facilitava o contato com outros povos, desenvolveram o comércio, o artesanato e a navegação. Houve também o reaparecimento da escrita, perdida durante o período de combates com os Dórios, que teve nova origem no alfabeto fenício, entre 800 e 750 a.C..

Foi na Jônia que pela primeira vez ocorreu a fusão de várias aldeias em uma só, dando origem à pólis (cidade-estado), num processo denominado sinecismo, que posteriormente se estendeu por outros territórios da Grécia. As póleis eram núcleos urbanos independentes e autônomos, de lavradores e proprietários de terras cujos rendimentos provinham principalmente da produção de azeite e vinho. Também foi à partir de uma direção do povo grego para a produção destes produtos, que eles começaram a adquirir riqueza e diversidade de elementos que vieram a enaltecer a sua cultura, passando a ser exportadores principalmente de vinho, azeite, prata (extraída dos montes ) e do trigo.

Aqueles que anteriormente eram de poucas condições, passaram a enriquecer não apenas com a exportação da prata, mas também com o azeite, um produto muito procurado em todo o Mar Mediterrâneo, que servia como óleo comestível, mas também e principalmente, como óleo combustível utilizado em lamparinas e lampiões.

Tal como qualquer povo anterior, os gregos não se diferenciaram quanto ao uso de serviços escravos. Eles eram em geral adquiridos da mesma maneira como em todos os reinos, por meio de batalhas, onde os vencidos eram convertidos em escravos. Mas assim como o povo viking, os gregos não se limitavam a escravizar somente os que viessem desta origem, mesmo os proprietários de terras que convertessem dívidas que não pudessem pagar, eram transformados em escravos do credor, bem como toda a sua família.

No entanto o elevado volume de escravos na Grécia, acabou gerando insatisfação não apenas dos escravizados, como também dos homens que não possuíam propriedades cultiváveis, pois a aristocracia grega é que detinha as melhores propriedades. Nisso vieram a ser influenciados pela classificação gentílica dos romanos, concentrando assim o poder entre os magistrados e membros do conselho de anciãos, assembléia dos cidadãos, organismos de governo acessíves somente à aristocracia grega e aos senhores de grandes propriedades.

Começaram a surgir os conflitos nas cidades estado, onde os cidadãos reivindicavam sua liberdade e igualdade política. Isso permitiu que algumas destas cidades iniciassem sistemas de governo até então não regimentados na sociedade grega, as oligarquias, os tiranos, e até mesmo a democracia, onde houve uma participação dos cidadãos livres nos atributos de governo, como o Conselho dos Nobres (Areópado) e as Assembléias dos cidadãos, mas isso era uma realidade de algumas cidades e não de todas, pois enquanto uma seguia por uma tirania, outra ia pela democracia e não tinham um conjunto nesta relação.

O Conselhos dos Nobres escolhia os magistrados, eles eram os Arcontes que em número de nove eram eleitos pelo período de um ano. O Arconte principal era o Arconte Epônimo que exercia a administração, ao Arconte Basileu cabiam as funções religiosas, o Arconte Polemarco tinha as atribuições militares e os demais Arcontes em número de seis eram os Tesmotetas.

Neste período, Sólon elegeu-se Arconte e ele redigiu novas leis para Atenas. Determinou a libertação dos camponeses de suas respectivas hipotecas, tendo consequentemente a liberdade da escravidão por dívidas e proibiu empréstimos sujeitos à escravização do devedor e de sua família. Procurou estabelecer uma relação entre a fortuna do cidadão e seus direitos políticos, dividindo a população de Atenas em quatro classes, segundo o rendimento anual e individual: os pentakosiomedimnói, os hippeis, os zeugitai e os tetes. Assim, privou a aristocracia no monopólio dos cargos públicos, pois às duas primeiras classes foi permitido o acesso às magistraturas mais altas; à terceira, o acesso às magistraturas mais baixas e à quarta e última, um voto na Assembléia Popular ou Eclésia, órgão de representação dos cidadãos. Sólon critou também o Conselho dos Quatrocentos – a Bulé – composto de cidadãos maiores de 30 anos, à razão de 100 por cada uma das quatro tribos jônicas tradicionais de Atenas. Foi nesta época que ele passou a ser perseguido pela aristocracia grega e teria saído da Grécia para passar um período em outras terras, tendo escolhido o Egito.

Mesmo assim, o problema do empobrecimento do solo, trouxe a realidade da expansão para o povo grego, que passou a migrar para áreas cultiváveis ao Norte, no Mar de Mármara, no Mar Negro, no Mar Jônio, sul da Itália e da Sicília, sul da França e Norte da Líbia, gerando então um novo fator para o crescimento e enriquecimento de sua população. Isso ocorreu do século VII ao século VI a.C.

Criaram as cidades de povoamento (Apoikias) como Bizãncio, Siracusa, Tarento e Cirene, onde construíram acrópoles, templos, teatros e mantinham relações culturais e comerciais com aquelas que podemos entender como cidade de origem ou cidade-mãe.

Outras cidades foram estabelecidas, mas as compreendemos como de exploração (Emporium), visto que a sua atividade era a de um entreposto comercial, que na verdade servia apenas como fornecedor de matéria prima e de especiarias para as Metrópoles. Nesta condição, foram fundadas principalmente nas margens dos rios e dos mares, como Náucratis no delta do Nilo e Al Minas na foz do rio Oronte na Síria.

Houve uma expansão comercial deste povo com a troca realizada nos portos onde saíam e entravam produtos agrícolas, metais, artesanatos, trigo, peixes, ouro, prata, peles, tecidos, sal, ferro e estanho, entre diversos produtos, que ainda se somavam aos escravos trazidos aos portos para comercialização.

Esta expansão comercial foi interrompida pelo advento dos fenícios na região, que começaram a comercializar e dominar grande número de portos. Também vieram os etruscos que disputavam com os fenícios o domínio do Mar Mediterrâneo.

Os fenícios tinham como estratégia o domínio dos portos, eles não se preocupavam com a aquisição de território, permitindo com isso que à cerca de 40 km da faixa litorãnea as cidades gregas permanecessem prósperas.

Mesmo com a impossibilidade de expansão territorial grega, o seu povo conferiu uma prosperidade dentro de sua sociedade com o surgimento de artesãos, oficinas de artesanato, metalurgia, cerâmica, construção naval, o que deu prosperidade ao seu povo. Surgiram neste período os grandes pensadores, cientistas, filósofos na cidade de Jônia, no século VI a.C. Thales, Anaximandro e Anágoras da cidade de Mileto.

A organização política das cidades-estado era oligárquica, baseada no domínio da nobreza hereditária sobre o restante da população. Os cidadãos descendentes das famílias gentílicas proprietárias das melhores terras exerciam o poder, como Magistrados e como membros do Conselho de Anciãos e da Assembléia dos Cidadãos, funções e órgãos que existiam em cada cidade e aos quais somente os aristocratas tinham acesso. Aos pequenos proprietários rurais, comerciantes, artesãos, armadores, estrangeiros e escravos não era permitida qualquer atuação nos negócios políticos.

No século V a.C. a Grécia sofreu a invasão persa, que acabou por um lado produzindo novo prejuízo para a sua população, mas por outro, trouxe a união de dois povos divergentes, os atenienses e os espartanos. Os persas esmagaram a revolta, mas em 490 a.C. a força imprimida por Dario I foi aniquilada por Atenas na batalha de Maraton que deixou evidente sua supremacia com o sistema hoplítico de combate. Mas houve também a necessidade de um reforço, que viria de seus quase compatriotas, conta a história que um jovem Eudipedes, percorreu 240 km em dois dias para chegar até Esparta e pedir socorro em nome dos atenienses, no que foram atendidos, mas ele não conseguiu sobreviver à exaustão de seu sacrifício e morreu logo depois de transmitir a mensagem.

Dez anos depois, os persas tentariam novamente invadir o belo, rico e próspero território grego, com as suas embarcações na batalha de Salamina, no que vieram novamente a ser derrotados pela esquadra grega, que estava preparada para a guerra em virtude de um investimento realizado em embarcações adquiridas e construídas para proteção de seu território. Outra batalha viria a ocorrer em Platéia, mas as forças coligadas de Esparta e Atenas, viriam a defender seu território da tentativa de invasão persa.

Dário I

550 a.C. - 486 a.C.

Para defender as póleis no Mar Egeu e Ásia Menor de possíveis invasões, Atenas organizou uma confederação sob sua liderança na chamada "Liga de Delos" (477 a.C.). Cada uma das cidades deveria contribuir com o fornecimento de armas, homens, navios, dinheiro, equipamentos e material para estruturar na ilha de Delos uma armada capaz de defender os interesses de sua população.

O perigo iminente dos ataques persas diminuiu, mas Atenas não se via satisfeita, com isso acabou conduzindo o centro de comando de Delos para Atenas, concentrando a arrecadação. Com isso Atenas viu a possibilidade de investir em equipamentos de guerra, principalmente navios, mas também procurou aproveitar a oportunidade para acrescer suas edificações, palácios e templos. Isso provocou indignação principalmente por parte dos espartanos e isso desencadeou a "Guerra do Peloponeso", entre 431 e 403 a.C.

A sucessão de combates entre as duas cidades acabou fragilizando suas condições e facilitando a conquista por parte de outro povo, os macedônios de Felipe da Macedônia, que em 338 a.C. na batalha de Queronéia, invadiu a Grécia e foi sucedido por seu filho Alexandre o Grande que entre 336 e 326 a.C. fundou o Império Macedônico, que compunha a Grécia, a Pérsia, a Mesopotâmia e o Egito. Isso veio a finalizar o brilhante período grego, e iniciou o período helenístico. Tendo dominado a Trácia, Egito e consigo a própria Macedônia, Alexandre teve controle sobre a produção do trigo, pois estas eram as principais produtoras.

(continua em breve).

 

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